terça-feira, 15 de abril de 2008

Uma imagem desbotada.

Para os chineses, cada ano tem um significado. E este significado é comum para todos. Um ano lá trás foi o da fecundidade. Era o momento ideal para gerar um filho.

Talvez seja meu tempo ócio demais ou aquelas infinitas e inexplicáveis coincidências que acontecem bem na sua frente ou que se ouve falar. Sei lá. Mas para mim, 2008 é o ano do rompimento de relações amorosas.
Quanta gente terminou namoro ou casamento este ano. E ainda estamos no mês 4.


Desesperador? Jamais! Cada fim é um (re)começo, como diria qualquer cantor sertanejo.
E cada casal, ou ex-casal, encara a separação da sua maneira. Uns brigam e se esquecem, outros brigam, não se esquecem e de alguma forma continuam a alimentar a ira do fim do relacionamento. Outros concordam que realmente aquilo não servia, param de se enganar dizem tchau e boa sorte.

Mas todos os casais devem concordar em uma coisa: como é difícil apagar as lembranças. Exorcizar aquele fantasminha presente em todo lugar.


O que fazer com aquele lindo ursinho de pelúcia que segura um coração escrito I love you? Ou aquele chaveiro tão mimoso com seu nome grafado e que ele mandou fazer?

Sem contar as fotos. Se estão no computador, tem coragem de apagar? Se estão em seu álbum de formatura, eternizou de vez.
E as fotos do casamento, o que fazer? O álbum fica comigo? Fica com você? Aliás, para que guardar lembrança de algo que deixou de existir?


Rasga? Queima? Recicla? Mas vocês economizaram tanto para contratar o melhor fotógrafo, para o melhor dia de suas vidas. O que agora é r
elativo, pois você deve considerar que foi o pior dia de sua vida. Ou no máximo, o ex-melhor dia de sua vida.

Como apagá-lo da memória dos outros, justamente quando acha impossível fazer isso a você mesmo?

- Cadê Fulano?, questiona o desavisado.
- Não sei, por que não pergunta pra ele?

Daí percebe-se que o tempo passou. Voando e pra caramba.

Você não rasgou as cartas, você não queimou as fotos, e nem sequer pediu para ninguém deixar de tocar no nome dele.


Ele que desbotou na sua memória.

Ainda consegue sobreviver num passado que não dá para visualizar claramente. Como um conto, que você protagonizou, mas sabe que é de mentirinha. Porque aquela pessoa não é mais você. E aquela não é mais a sua história.