quinta-feira, 3 de maio de 2007

"Uma imagem vale mais que mil palavras. Agora tente dizer isso em uma imagem."


Como sabem, eu espero que saibam, sou uma redatora publicitária. Ora, o que faz uma redatora publicitária? Bom, é bem simples. Redator escreve, certo? E publicitário é aquele que trabalha com publicidade, ok? Coloca dois “a” para me identificar como uma pessoa do sexo feminino e pronto. Você aprendeu o que é.

E como nós mesmo dizemos... NÃO É SÓ ISSO! Não, não é só isso. Olha só, um redator publicitário também é um criativo! E não é só isso! Ele também é da criação. Bom, esse papo está para não-leigos. Deixe-me fazer entender: tem uns seres dessa vida que acham que a criação é SOMENTE o fulano que faz a arte, design, layout e pára por aí. Pois eu digo: geeeeeeeeeeeeeeeeeente, o texto também vem da cabeça de uma criatura, que tenta fugir do óbvio para TENTAR ser criativa.

E NÃO É SÓ ISSO (juro que é a última vez!). O redator também participa do desenvolvimento da idéia. Como se fosse criar vida, o redator entra com o espermatozóide e o diretor de arte entra com o óvulo. O redator pensa no nome do filho, se ele vai fazer natação desde bebê, se ele vai fazer intercâmbio algum dia. E o diretor de arte tá lá, gerando a coisa, fazendo a forma da criança.

Uma comparação meio palhaça, mas acho que deu pra pegar.

E como todo bom (bom?) redator que se preze, eu vou querer ler, reler, mudar esse texto. Mas só vou ficar no querer. Espero que não fiquem chateados por perder uns 3 minutos lendo esse post.

Por incrível que pareça, este não é um post dedicado à massa trabalhadora e desgraçada na qual me incluo. E sim, um jeito de tentar me convencer que tenho que escrever mais por aqui.

Porque só escreve quem gosta.
E só escolhe ser escritor por ofício quem ama escrever!
E escrever só profissionalmente é um saco!

Às vezes até passa na minha cabeça o porquê estou fazendo isso, sendo que não raramente me interesso mais nas fofocas da internet do que o que estou fazendo para garantir meu pão.

Tenho sim que resgatar essa vontade. Tenho que sentir de vocês o que acham do que escrevo, porque escritor também quer platéia.

PS.: Não resisti e fiz algumas alteraçõezinhas.

2 comentários:

Leonor disse...

Entendo o drama de só escrever profissionalmente. Eu acho o blog uma ótima... mas se você não for razoavelmente assídua a platéia vai parar de ler mesmo uai! Então fia, ou você comparece, ou pode matar sua vontade escrevendo cartas, e-mails, diários... mas eu voto continua, continua! Beijo.

Rafael disse...

Olá, Cecilia,

A escrita tem disso o que confessou mesmo; como é uma atividade que circunscreve, recorta sentidos, e não os cria de fato (coisa que acontece com a música, as artes plásticas etc., que desbravam sentidos; linguagens que de fato exploram o desconhecido), a ambigüidade apontada parece insuperável.

Quem se dedica à atividade verbal escrita quase nunca é considerado um criador, um inventivo, um artista de verdade. É um escritor, um redator, e pronto.

É considerado simplesmente um sujeito que reelabora e seleciona a partir do que as outras artes descobrem, um trabalhador que lida em segunda mão com esses materiais de significados. A gente acaba sendo relegado a uma espécie de "etiquetador" de imagens.

Acontece de uma forma na publicidade, e acontece de outra no jornalismo. Mas creio que na redação publicitária a situação seja mais dramática e mais competitiva.

Claro que essa situação é injusta, assim como os julgamentos que a sustentam. Concordo com o Moacyr Scliar, quando ele disse que a matéria-prima do texto tem algo de insondável, não é mero reaproveitamento das outras artes ou linguagens. Ainda assim, creio ser esse "insondável", de integridade bem restrita, dificultadamente acessível, e que, sim, na melhor das hipóteses, quem lida com a escrita só entra em campo na prorrogação do segundo tempo.

Em verdade, considero a escrita de uma quintessência e de um prazer que não se escrevem (rs!), algo de que eu nunca quererei saber prescindir...

Pode contar comigo no seu intento de fazer daqui um laboratório, uma usinagem clandestina de escritos, relíquias e outros badulaques verbais. Não deixarei de contribuir.

Vá em frente, querida!